terça-feira, 21 de maio de 2019

"SOB controle"

O principal objetivo deste blog é compartilhar experiências. Trazer à tona situações vividas a partir do momento em que me deparei com a primeira crise de pânico que tive na minha vida.
Não é um espaço para falar só de dores. É um espaço para falar também das conquistas, das alegrias,  e das cores.
Sim! É possível conviver com a síndrome do pânico e tirar proveito dela. É possível transformar as dores em aprendizado. É possível ver as cores que a vida nos traz a cada dia que amanhece.

A primeira crise aconteceu num final de semana de 2004. Tudo parecia "Sob controle". Almoço em família, risos e brincadeiras. Voltei para casa. Sentei na minha cadeira preferida e de repente... lá estava ela. Se apresentando para mim, de uma forma abrupta, sem nenhum aviso, e ...pronto!!! Corri para o hospital, (que graças a Deus, tinha ao lado da minha casa, na época) achando que estava infartando. Fui medicada, colocada em observação, e saí de lá horas depois sem saber o que tinha acontecido comigo. Lábios roxos, tremedeira, face pálida. Primeiro Rivotril da minha vida.

Voltei para casa com uma sensação de estranhamento. O que teria sido aquilo? A partir daí outras sensações estranhas foram acontecendo. Me vi saindo das conduções. Saindo dos shoppings. Dos supermercados. Muita gente junta começava a me incomodar.

Primeira descoberta -  Sou um ser mortal. Me descobri com medo da morte. E a partir desse momento comecei a fazer um itinerário que nunca tinha feito antes - Consultórios Médicos. A cada dor, a cada espinha, a cada formigamento, a cada taquicardia, eu corria para os médicos. Fazia exames. EU precisava saber que tudo estava bem, para aprender a lidar com um monte de sensações que o meu corpo começava a apresentar. E como ele apresentava sintomas!!! Meu corpo nunca falou tanto comigo como nesse primeiro ano em que convivi com tamanha algazarra dentro de mim! Foi assustador!

Até o dia em uma amiga me apresentou a tudo isso! - Gita, você está com síndrome do pânico. Minha filha teve esses mesmos sintomas que você. Conselho: Procura um psiquiatra. E, sem nenhum preconceito... Lá fui eu.

8 comentários:

  1. Também sofri co esse problema mas superei depois do tratamento com o psiquiatra! 🙌

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    1. Que bom!! O tratamento com medicamentos e terapia é fundamental para o controle da doença. Digo "controle" porque a ansiedade é uma coisa que precisamos sempre estar atentos. Felicidades para você. beijo

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  2. Adorei a iniciativa. Esse tipo de espaço é sempre bem-vindo, sobretudo quando nele podemos ter contato com a realidade através das experiências vividas.

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  3. Obrigada! Fico feliz com a receptividade. Desde que comecei a entender melhor a doença e comecei a encontrar caminhos que me levaram a uma boa convivência comigo mesma, decidi compartilhar minhas experiências.
    Espero poder contribuir com as pessoas que passam por experiência tão dolorosa, que a síndrome do pânico.

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  4. Em 2003 ao sai da faculdade sofri um assalto muito violento, as agressões físicas e psicológicas foram muito fortes, larguei a faculdade, ia e voltava do trabalho acompanhada, não saia de casa nem para ir ao portão. Lembro que teve uma ocasião que desci do ônibus no meio do caminho porque estava tão assustada, com o coração acelerado e fiquei horas parada no meio da rua sem saber o que fazer, só chorava. As dores do corpo eram intensas, as palpitações eram horríveis, o coração parecia que vinha na boca, e a sensação de ter uma mão te sufocando. O médico me diagnosticou com estresse pós-traumático devido ao assalto, porém um amigo da família que era cardiologista falou que parecia síndrome/transtorno do pânico, confesso que essa palavra me deixou mais assustada. Então, resolvi não entregar os pontos, redescobri que gostava de fazer pequenos artesanatos, e dava de presente aos amigos e familiares, fui aos poucos indo e voltando só para trabalho, me permitia ir no portão nem que fosse um minuto, ia em algumas reuniões de autoajuda na igreja, comecei a me dedicar a fazer coisas que me faziam bem. Três anos depois tive uma crise muito forte, onde me deixou um pouco mal, comecei a tomar alguns medicamentos com orientação médica, mas me recursei a ir na terapia, porém continuei a ir nos encontros de grupo, o que me fortaleceu e me ajudou de muitas formas. Após essa crise não tive mais nenhuma, hoje tenho consciência que tudo poderia ter sido “mais fácil” se eu tivesse aceitado minha condição, ter feito terapia teria me proporcionado outra visão e evitado alguns sofrimentos.
    Parabéns, por esse espaço e muito obrigada por permitir essa troca de experiência.

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    1. Olá, Laura.
      Para mim, o tratamento com medicamentos e terapia foram fundamentais. A terapia me trouxe uma possibilidade que eu não conhecia - a de realizar trabalhos manuais. Hoje, tenho uma marca de bijuterias sustentáveis, chamada Feito_por_gita. Acredito que todas as situações que a gente vivencia, pode nos trazer algo de positivo, se pudermos olhar sob vários ângulos. A síndrome do pânico me trouxe autoconhecimento e um caminho maravilhoso, que é o caminho da criatividade. Fico feliz em saber que você está bem, e que também trilha o caminho da arte.
      Esse espaço foi criado para isso. Para falar também de coisas boas. Afinal, tudo tem dois lados. às três, quatro, cinco, seis. Tudo depende do ângulo.
      beijinhos

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  5. Cada um acha que seu problema é pessoal e único, mas ver os relatos alheios transforma este mal em uma questão mais humana, e reduz a sensação de fragilidade que ele provoca, quase uma culpa, por não ser "normal"... Parabéns!

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  6. Verdade! Esse é um dos principais motivos pelos quais decidi criar o blog. Decidi compartilhar para integrar. Meu desejo é que uma grande maioria de pessoas que passam pelo que eu já passei, possam perceber que ser "normal", nem sempre é "legal"... às vezes vencemos batalhas que nem sabíamos que seríamos capazes. bjo

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